CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO
Carlos Drumond De Andrade/Antologia Poética
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
Poesia&Imagem O medo,
morto de medo,
do qual até
morto tem medo,
tatuado à flor da pele,
atrai tudo que repele (*)


(16.05.99)
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