TREM VOADOR


Já é dia nos jardins da terra do novo aeon.
O salmão usa toda sua força contra a correnteza
do rio que desce para o mar.
Ainda não tirei meus jeans.
Ainda não te dei um beijo.
Foi lindo surfar nas ondas dos teus cabelos,
mas você me dá um adeus concreto e objetivo.

Aqui nesse sertão solitário,
bebendo essa água de ribeirão,
a maria-fumaça passa indiferente
pelos trilhos da vida
infinitamente paralelos...

Não queria nem um pouco voar nesse trem.
Só queria você ao meu lado.
Pra juntos sermos o sal da terra.
Pra juntos sermos o farol de nós mesmos.
Pra juntos termos luz de sobra
e espalhar sobre a cabeça dos povos...


 
 
Paulo Garcia/Psicólogo (RJ)
do livro "Brotando das Palavras" (1987)
gentilmente enviada em 02.03.99

Poesia&Imagem