Psique em Prosa

 

Cantos do nosso interior ...

Como cantos do reino, onde habita Psiquê; às vezes como cantos do armário, onde se guarda a alma; cantinhos do coração, onde palpitam emoções. Forrados de idéias, a serem exploradas de muitos ângulos, para acolher o desafio de pensamentos cheios de arestas; espaços da sensibilidade, onde o aconchego inspirador abriga o inóspito opressivo, tudo iluminado de trevas e de sombras, vultos de nossas recordações.

Como cantos de mil vozes, que às vezes desafinam, corais que entoam nossa história, percorrendo uma escala tonal inteira, feita não só de momentos graves e agudos, mas de pausas necessárias, contra-cantos de enredos silenciosos. Sinfonias inacabadas de desejos sufocados, expressos num súbito fôlego nos jograis de nossos sonhos, furtivamente despertam ecos do que está presente, não se sabe bem aonde ...

A vida tem ritmos tranquilos ou até alucinantes, pedindo composições feitas de esperança - sons em busca de uma partitura que transforme as cacofonias em melódicas pautas de entendimento.

Ah! Ouvir-se a si mesmo, como um maestro passionalmente entregue às possibilidades de inéditos arranjos e harmonias. Interiorizar-se, como ávido explorador que, no afâ de penetrar nas profundezas do desconhecido, revela potencialidades, descobre recursos ocultos.

Há cantos pelos cantos e são tantos!

 
 
Atelier de idéias Este artigo em inglês Copyright ©1991 by Maria Helena Rowell (20.06.05)